Sutilezas
linguísticas
Se Você parar para pensar qual seria a
cor representada pela expressão “cor de burro quando foge”, constatará a frase
não ser lógica. Afinal, burros não são camaleões e, quando fogem, não mudam de
cor. A verdade é que, sendo o idioma um organismo vivo, de forma quase
automática, vamos suprimindo letras, acoplando palavras, vezes muitas a ponto
de se mudar o sentido inicial das locuções. Foi o acontecido com a expressão
original “corro de burro quando foge”. Por ser bem mais fácil pronunciar “cor
de burro” do que “corro de burro”, dá para entender o motivo da forma
consagrada pelo uso. Mas, não foi só com os burros, as mudanças.
Quem não lembra do ingênuo versinho
“batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”, prelúdio de “a menina que namora
põe a mão no coração?” Pois bem, embora as batatinhas ao brotarem se esparramem
pelo terreiro, muito mais claro seria se, como originalmente foi concebido, a
forma verbal “esparrama” voltasse a ser “espalha a rama”. Vamos conferir? “Batatinha
quando nasce, espalha a rama pelo chão”. Não ficou perfeita?